Persistência e Paciência:

É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar até o chão. (como o bambu)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Eleitor e o VOTO

Estimasse que não mais do que 25% a 30% dos eleitores - em países Desenvolvidos - acompanham os fatos políticos regularmente. Quer dizer, a grande maioria dos eleitores não manifesta um interesse auto-sustentado nos assuntos políticos. Nos países com grandes contingentes de eleitores de baixo nível sócio-econômico este estrato interessado em política é bem menor. É que falta educação para a cidadania, resultando que a grande maioria dos eleitores tenha baixo interesse pela política, e, conseqüentemente, baixa informação, baixa adesão aos partidos e baixa participação e envolvimento em ações políticas. Este fato se deve, em grande parte, à prioridade que os indivíduos atribuem a outros aspectos de sua vida que lhe aparecem como mais importantes. Assim, questões relacionadas com o próprio indivíduo e sua família, como o trabalho, lazer, projetos para o futuro, preocupações com saúde, bem estar e o mundo afetivo, ocupam a maior parte do seu tempo. A política parece ocorrer num mundo remoto do dia-a-dia do eleitor, sempre envolta em questões controvertidas e complexas, raramente resultando em alguma alteração perceptível na sua vida. Somente quando ocorre um fato de grande impacto, que centraliza a atenção de todos, mediante uma extensiva cobertura em todas as mídias, como escândalos, morte de líderes políticos, crises institucionais e econômicas que afetam a sua condição de vida, é que a política parece surgir para esse eleitor. Segundo as palavras de Sérgio Buarque de Holanda, “A democracia no Brasil foi sempre um lamentável malentendido”(in Raízes do Sul, 1995, p.160), pois qualquer democracia pode fazer uma eleição legítima, mas poucas possuem uma classe política e uma cidadania capazes de subordinar os interesses imediatistas e as pressões conjunturais aos interesses maiores da sociedade. Francisco Ferraz, cientista político, afirma que “não basta um governo democrático representar, é preciso também governar”. Portanto, a questão tem seu mérito na intervenção do cidadão no regime democrático, sua capacidade e interesse para tanto. Não podemos resumir nossa participação no regime democrático simplesmente em depositar o voto na urna. Infelizmente a grande maioria dos cidadãos ainda pensa assim. É incontroverso que o voto é um exercício de cidadania, mas não basta somente o comparecimento – obrigatório – às urnas. É necessário que participemos ativamente de campanhas e movimentos sociais, para assim aprender a desenvolver o raciocínio pelo salutar método medieval do debate, da controvérsia e do desafio. E por parte dos políticos, é preciso, a promoção de uma séria, transparente e correta incorporação dos assuntos ligados a vida política, em todas suas esferas, junto aos cidadãos. Não podemos esquecer, porém, que falta educação para a cidadania, porque somente exercendo-a é que descobriremos suas vantagens e que o problema efetivamente não está na democracia como forma de governo, mas na forma desvirtuada como é praticada, sempre preocupada com o imediatismo, ou seja, com a próxima eleição.

Fonte: Jornal Gazeta p/ Valtencir K. Gama, Adv.


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