DE QUAL O POVO PRECISA?
Para os cargos executivos (Prefeito, Governador, Presidente,
Ministros, e demais encarregados dos órgãos públicos), partindo-se da premissa que há centro de estudos para as diversas
áreas do conhecimento humano, e que os
profissionais de cada área entendem
que é inadequado que pessoas despreparadas exerçam funções para qual não
receberam os conhecimentos inerentes, (o CFM não autoriza quem não fez
Medicina, e praticou sua especialidade, a atender oficialmente como Médico;
também quem não fez o exame da ORDEM dos Advogados do Brasil, não é reconhecido
como tal nos tribunais; da mesma forma as repartições não aceitam a responsabilidade
técnica do Arquiteto/Engenheiro, se ele não apresentar o CREA; etc...) também é incompreensível que quem vá
administrar, não tenha sido adequadamente preparado para a função.
Proliferam as Faculdades de Administração de Empresas, e algumas têm até
matérias específicas em administração pública. Alguns políticos espertos cursam
Administração, e outros dão o exemplo, como o ex-presidente Vicent Fox, do
México, e o ex-prefeito de NY, que contrataram profissionais de cada área, para
assessorá-los, sabedores do valor da profissionalização da administração
pública. Muitas empresas familiares também tiveram que partir para a
profissionalização de seus quadros administrativos sob pena de perderem mercado
ou falirem.
Poderão
alguns empíricos alegarem que conseguiram sucesso nos negócios, sem nunca terem
estudado, mas pode ter certeza que se ele administra um grande negócio, não
contratará candidatos sem conhecimento/preparo para vagas de sua empresa. E de
preferência que o candidato tenha conhecimentos acadêmicos aliados à prática.
Porque não entregar a administração
pública a quem é mais bem preparado para a função?
Stefhen
Kanitz escreveu em seu “Ponto de Vista” - VEJA / 22/09/99, dentre outras
coisas: “O Brasil formou nestes últimos
vinte anos menos de 250.000 administradores de empresas. O Conselho Federal de
Administração tem menos de 90.000 inscritos. Aí está a principal razão para
nosso desemprego, a desorganização de nossa economia e a estagnação
econômica.... Pela falta crônica de administradores formados, temos médicos que
administram... e engenheiros mecânicos que administram.... Perdemos assim
excelentes médicos e engenheiros ...e ganhamos administradores sem formação,
que acabam aprendendo administração de empresas à moda antiga: errando. Os Estados Unidos tomaram
outro caminho. ...formaram nada menos que 8 milhões de administradores de
empresas. É a profissão mais freqüente, com 19% do total de 50 milhões dos
americanos formados. É o segredo bem escondido da economia americana.... Toda
nação requer a mão firme e visível de...pessoas treinadas e preparadas para
criar empregos e organizações.”
Os candidatos ao poder
Executivo deveriam se candidatar ao cargo, apresentando os seus currículos às Câmaras Municipal, Estadual e
Federal, conforme o cargo pretendido, que teriam a responsabilidade de escolher
o(s) melhor(s). Não é assim que as empresas, quase sempre, escolhem seus
funcionários e administradores. Porque os responsáveis pela escolha sabem que
se a escolha não for de qualidade, eles também arcarão com os prejuízos. E a grande vantagem deste método, é que se o
escolhido começar deixar a desejar na sua administração, poderá ser trocado, a
qualquer momento, pôr outro que se ofereça para enfrentar o desafio. Quanto
a sua remuneração poderia até se utilizar da lei de mercado “o melhor pela menor pretensão”.
Os eternamente incrédulos, os pessimistas, os que temem quebrar
paradigmas, e principalmente os que não querem mudança, certamente argumentarão
“onde ficaria a Democracia”, e os possíveis riscos de corrupção, com um pequeno
grupo escolhendo pela maioria. Mas
justamente porque, depois de eleitos pôr prazos relativamente longos, as
dificuldades em provar as irregularidades e desmandos dos eleitos, mais o
aparato da estrutura política/partidária, e o distanciamento dos eleitores, é que os mesmos se perpetuam no poder,
mesmo com todo o estrago que vêm fazendo à sociedade. Ainda que o número de
pessoas responsáveis pela escolha seja pequeno, as Câmaras estariam sendo
constituídas pôr cidadões diretamente expostos a pressão de sua comunidade,
podendo serem destituídos/trocados a qualquer momento em que sua comunidade
assim o sentirem necessário fazê-lo. E o novo escolhido levará rapidamente ao
Legislativo Municipal, e/ou a Câmara Estadual, e/ou Federal o descontentamento
de sua(s) comunidade(s).
(Rubens Zaoral)
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